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18.
domingo, março 18, 2007
::Da série: A barata lispectoriana::
Perfil: Amélia
"És uma Amélia incorrigível, só precisa perder esse restinho de paranóia que as XX da sua geração tem em ser o que são." (Alan, comentários) Levantei no dia seguinte. A casa precisava ser limpa. Não quero mais baratas. O colchão ficou no sol, a talisca atravancava minha sala. Debaixo da cama, um museu, como definiria um amigo (ou amante?). A vitrola que não está funcionando, mas sonha refuncionar, jaz no canto da parede. Após trabalho intenso, foram-se aranhas, nem sinal de baratas (no final, só havia aquela, e nem aquela mais havia), livros desempoeirados e arrumados, chão que brilha. O almoço estava no fogão, mas fui de sopa pronta. Agora o quarto estava limpo. A casa, nem tanto. Mas não importa. Não existem mais amélias hoje....A noite me trouxe sem felicidade. Fui chamada de burra, precisa ser burra mesmo pra tentar ser amélia. As paredes da minha casa não reconheceram meu trabalho. O meu amante (ou amigo?) também não. Talvez o destino da amélia é ser invisível. Eu não sou invisível.